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Três Lições da Vida: Correr, Se Esconder, Pedir


Neste texto, compartilho três movimentos que muitos de nós conhecemos bem: correr dos nossos problemas, esconder nossas mudanças e hesitar em pedir ajuda. Convido você a refletir sobre como esses gestos — por mais comuns que sejam — podem ser portas de entrada para uma vida mais autêntica, conectada e consciente.


Este não é um guia sobre "como acertar", mas um convite gentil à presença, à escuta interior e ao cuidado com os próprios passos. Estamos todos aprendendo. E talvez seja justamente isso que nos une.


1. Correr: A Tentativa de Escapar da Dor


"Nunca fui boa em correr, mas tenho uma resistência incrível para evitar meus problemas."Ouvi essa frase de uma paciente e, confesso, poderia tê-la dito também. É uma habilidade curiosa essa de fingir que está tudo bem — como se, ignorando o que dói, a dor fosse se dissolver por conta própria.

Mas a vida, com sua sabedoria insistente, nos traz de volta àquilo que evitamos. O que não enfrentamos se acumula em camadas silenciosas dentro de nós, e mais cedo ou mais tarde, retorna. Seja em forma de sintomas, padrões repetitivos, sonhos inquietos ou gatilhos emocionais, aquilo que não é olhado pede passagem.

Fugir parece mais fácil no curto prazo, mas custa caro no longo. E talvez seja por isso que o verdadeiro convite seja outro: respirar fundo e parar de correr.

A pergunta é: o que estamos tentando evitar? Quais partes de nós pedem por reconhecimento, mas não recebem escuta? Comece nomeando com gentileza e verdade. Talvez com uma lista. Talvez com um desabafo no papel. Enfrentar não significa resolver tudo de uma vez — mas significa estar presente, com coragem, diante do que é.

Nessa travessia, buscar o apoio de alguém — uma terapeuta, uma amiga confiável, um grupo de escuta — pode ser um alento. Porque algumas dores só podem ser suportadas quando compartilhadas.


2. Se Esconder: A Invisibilidade Depois da Mudança


Seria lindo se as pessoas percebessem, com naturalidade, que crescemos. Que mudamos. Que já não somos os mesmos de antes. Mas nem sempre é assim. O outro ainda nos vê com os olhos do passado, preso à imagem antiga que construiu de nós.

Mudar é, muitas vezes, uma experiência solitária. E é por isso que a comunicação se torna essencial. Se queremos que nossos vínculos sobrevivam às nossas transformações, precisamos tornar essas mudanças visíveis. Não para convencer, mas para nos posicionar com integridade.

Isso pode envolver conversas desconfortáveis, confissões honestas, novos limites. É sobre dizer: "Isso não serve mais pra mim", ou "Agora eu preciso de outra coisa", ou ainda "Eu mudei, e entendo se você precisar de tempo para acompanhar".

Permita que o outro te conheça novamente — e esteja aberto para conhecê-lo também. Relações autênticas pedem atualização constante, como um espelho que se ajusta para refletir o que é real, e não o que já foi.


3. Pedir: O Ato Humano de Estender a Mão


Há momentos em que estamos exaustos. Não conseguimos continuar sozinhos. Ainda assim, hesitamos. Pedir ajuda, para muitos de nós, parece um fracasso, uma fraqueza, uma exposição indesejada. Mas a verdade é outra: pedir ajuda é um ato de coragem e humildade.

Ninguém caminha inteiro o tempo todo. Reconhecer que precisamos do outro é reconhecer que somos humanos — vulneráveis, interdependentes, em constante troca. Quando estendemos a mão, não apenas recebemos apoio, mas também permitimos que o outro se aproxime de nós, se sinta útil, participe da nossa jornada.

Às vezes, não haverá ninguém disponível. Em outras, seremos surpreendidos por quem nos oferece um ombro quando menos esperávamos. Ainda assim, o convite permanece: quando puder, peça.

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Crescer Também é se Permitir Errar


A jornada de crescimento não é linear. Correr, esconder-se, pedir — todos esses movimentos fazem parte do nosso modo de existir. Não há um jeito certo de viver, mas há formas mais conscientes, mais amorosas, mais verdadeiras de estar no mundo.

Às vezes vamos correr de novo. Outras, vamos nos calar quando deveríamos falar. Mas também haverá momentos de lucidez, de conexão, de amor. E, aos poucos, vamos aprendendo a nos encontrar dentro do caos.


A Jornada é Compartilhada


Viver é uma arte delicada. Uma dança entre se perder e se reencontrar. Ao nomearmos essas três lições — parar de correr, comunicar a mudança e pedir ajuda —, reconhecemos que estamos em movimento. E que esse movimento é comum a todos nós.

Que este texto possa ser um espelho para você. Que te lembre de que não está só. Que a sua dor não é fraca, que sua mudança é válida e que sua voz merece ser ouvida.

Se algo aqui ressoou, escreva, compartilhe, converse. Este espaço é seu também.Seguimos juntas/os — vulneráveis, imperfeitos, inteiros — aprendendo, sempre, a viver com mais presença, coragem e compaixão.



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